sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Por que porque por quê porquê

Por que

1- Esse "por que" é usado em perguntas:

Por que você não levou o lixo para fora?

2- Sempre que estiverem subentendidas as palavras razão/motivo:

Ninguém sabe por que ele agiu desse jeito.


Porque

1- É usado sempre que equivaler a pois, porquanto, uma vez que, pelo fato, motivo de que:

Não fui a festa porque não fui convidada.

2- Quando se faz uma pergunta propondo uma resposta usa-se porque:

Você não fez o bolo porque não tinha fermento?


Por quê

1- Quando essa palavra encerra a frase:

Por quê?
Saímos de lá sem saber por quê.


Porquê

1- Quando essa palavra se torna um substantivo e substitui as palavras motivo/causa/razão/pergunta/indagação:

Não sei o porquê do seu espanto.

mal x mau bem x bom

Bem e bom ninguém confunde. Agora, mal e mau ninguém sabe usar direito. Portanto, quando tiver dúvida lembre-se que:

MAL é o contrário de BEM

MAU é o contrário de BOM

Substitua a dúvida por bem/bom para ver se é mal/mau que se encaixa:

Estou sentindo um ___________ cheiro. BOM/MAU

Ele nem sempre está ____________ humorado. BEM/MAL

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Para quê serve a crase mesmo?

A crase é a fusão da preposição a com o artigo a. Portanto, é impossível que ela ocorra antes de termos masculinos. Essa é uma das maneiras fáceis de identificar se a crase ocorre ou não:

Os relatórios foram entregues ao delegado (masc.) responsável.

A + O

Os relatórios foram entregues à autoridade (fem.) responsável.

A + A


OUTRAS REGRAS


1- Antes de nomes geográficos ou de lugar substitua o a(s) por para, se o mais correto for para a, use crase:

Foi para a Argentina/ Foi à Argentina

Foi para Roma/ Foi a Roma


2- A combinação de a com outras preposições indicam o uso da crase:
Levou o presente à (para+a) amiga.


3- Usa-se crase nas formas àquela(s)/àquele(s)/àquilo.


4- Usa-se crase na indicação de horas:

Chegou às oito horas.


5- Usa-se crase antes dos pronomes relativos que/qual/quais.

É semelhante à que compramos.
Ela é a mulher à qual você se referia.


6- Usa-se crase nas locuções adverbiais:

às vezes
à risca
à noite
à direita
à esquerda
à frente
à maneira de
à moda de
à procura de
à mercê de
à custa de
à medida que
à proporção que
à força de
à espera de


7- Usa-se crase nas locuções que indicam meio/instrumento ou as que a tradição exige:

à bala
à faca
à máquina
à chave
à vista
à venda
à toa
à tinta
à mão
à navalha
à espada
à queima-roupa

Observação importante: há uma lista de locuções que levam crase por causa do seu uso e da tradição. Se tiver dúvida, consulte a gramática ou um manual de redação.


USOS FACULTATIVOS


1- Antes de pronome possessivo:

Levou o presente a/à sua mãe.


2- Antes de nomes próprios femininos:

Pediu a/à Maria.


3- Depois da palavra até:

Foi até a/à varanda.


QUANDO NÃO SE PODE USAR CRASE DE JEITO NENHUM

1- Antes de palavras/termos masculinos. Mas cuidado! Em alguns casos o termo poderá estar subentendido.

Estilo à Machado de Assis.
(à maneira de Machado)


2- Antes de nome de cidade. Mas Cuidado! Há crase quando se atribui qualidade à cidade.

Chegou a Cuiabá.
Fomos à Roma dos Césares.


3- Antes de verbo.

Passou a ver.


4- Substantivos repetidos:

Frente a frente.
Gota a gota.


5- Antes de ela/esta/essa:

Pediram a ela.
Cheguei a esta conclusão.
Dedicou sua vida a essa mulher.


6- Antes de pronomes como:
ninguém/alguém/toda/cada/tudo/você/alguma/qual/etc.


7- Antes de pronomes de tratamento:
Escreverei a Vossa Senhoria.


8- Antes de uma:
Foi a uma festa.


9- Antes de palavra feminina com sentido genérico:

Não damos ouvidos a reclamações.

Observação: alguns casos são fáceis de identificar, pois se couber a palavra uma antes da palavra feminina não existirá crase.


10- Antes de substantivo no plural que fazem parte de locuções de modo:

Progrediram a duras penas.


11- Antes de dona e madame:

Entregou o pacote a dona Josefa.


12- Antes de numerais indeterminados:

O número de mortos chegou a vinte.


13- Quando indicar distância indeterminada. Quando houver distância determinada leva crase.

O animal estava a distância.
O barco estava à distância de 1 km.


14- Palavra Terra/terra:

*Significando chão firme, solo, não tem crase:
Eles chegaram a terra firme.

*Significando planeta, é substantivo próprio e tem artigo, consequentemente, quando houver a preposição a, ocorrerá a crase:
Os astronautas voltaram à Terra.

* Quando a palavra "terra" estiver especificada, ocorre a crase:
Irei à terra de meus avós.

15- Palavra Casa:

Determinada: Voltou à casa dos pais.
Indeterminada: Chegou cedo a casa.

A Reforma Ortográfica

Pelo menos o Brasil foi um dos menos atingidos pela Reforma. As maiores dúvidas giram em torno do uso do hífen. Vamos começar por ele, então:

HÍFEN

As mudanças ocorreram em palavras que são formadas por prefixos ou elementos que podem funcionar como prefixos, como:

aero/agro/alfa/bio/contra/extra/foto/geo/hetero/hidro/homo/intra/infra/inter/iso/lipo/macro/mega/meso/micro/mini/multi/neo/pan/pluri/poli/pseudo/psico/pró/pré/pós/retro/semi/sobre/sub/super/supra/tele/ultra/vice

1- Usa-se sempre hífen diante de palavra iniciada por h:

sobre-humano
anti-higiênico
super-homem

Exceção, pois sempre há uma: a palavra subumano perde o h.

2- Usa-se sempre hífen quando o prefixo terminar por vogal e o segundo elemento começar pela mesma vogal:

contra-ataque
micro-ondas
semi-internato
anti-imperialista

Exceção dos prefixos co/re/pre.

NÃO se usa hífen quando o prefixo co é seguido pela vogal o:

coordenar
cooperar
cooptar

NÃO se usa hífen quando o prefixo re é seguido da vogal e:

reedição
reescrita

NÃO se usa hífen quando o prefixo pré é seguido da vogal e:

preencher
preestabelecer

Lembrando que seguidos da letra h recebem hífen:

co-herdeiro
re-hospitalizado
pré-humano

3- Usa-se sempre hífen quando o prefixo terminar por consoante e o segundo elemento começar pela mesma consoante:

hiper-requintado
inter-racial
super-romântico

Nos demais casos não se usa hífen: superinteressante/superproteção/hipermercado etc.

4- Usa-se hífen diante dos prefixos: ex/ sem/ além/ aquém/ recém/ pós/ pré/ pró

ex-prefeito
sem-terra
além-mar
aquém-mar
recém-nascido
pós-graduação
pré-vestibular
pró-europeu

5- Usa-se hífen diante dos prefixos circum e pan quando o segundo elemento inicia-se por m/n/vogal:

circum-navegação
pan-americano

6- Usa-se hífen diante do prefixo sub quando o segundo elemento é iniciado por r:

sub-região
sub-raça

7- Usa-se hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu/guaçu/mirim

capim-açu
amoré-guaçu
anajá-mirim

8- Usa-se hífen para ligar encadeamentos vocabulares:

Rio-Niterói
Cidade-luz
eixo Rio-São Paulo

9- NÃO se usa hífen quando o prefixo terminar por vogal diferente da vogal do segundo elemento:

aeroespacial
anteontem
autoescola
agroindustrial
coautor
semiaberto
semianalfabeto

10- NÃO se usa hífen quando o prefixo termina por vogal e o segundo elemento começa por consoante:

anteprojeto
autopeça
geopolítica
microcomputador
seminovo
ultramoderno

Exceção o prefixo vice que sempre usa hífen: vice-rei.

11- NÃO se usa hífen quando o prefixo terminar por vogal e o segundo elemento começa por r/ s. Deve-se duplicar a letra.

antirracismo
antirrugas
biorritmo
minissaia
neorrealismo
semirreta
ultrassom

12- NÃO se usa hífen quando o prefixo terminar por consoante e o segundo elemento começar por vogal:

hiperacidez
interestadual
superamigo
superinteressante

13- NÃO se usa hífen em certas palavras que perderam a noção de composição:

girassol
madressilva
mandachuva
paraquedas
pontapé
mão de obra

14- NÃO se usa hífen quando os prefixos euro/ indo/ sino/ franco/ anglo/ luso/ afro/ etc. funcionam adjetivamente:

eurocomunista
afrolatria
lusofilia

Usa-se hífen quando se trata da soma de duas ou mais identidades:

euro-africano
indo-português
anglo-americano

15- As palavras BEM e MAL.

  • O novo Míni-dicionário Houaiss sugere manter as formas que os dicionários registram para a palavra bem, assim como para os seus cognatos benfeito/benfeitor/benfazer etc.
  • No caso da palavra mal, a Reforma diz que pode-se aglutinar ou não. Mal como advérbio só recebe hífen diante de vogal/ h/ l. Quando significar doença sempre ocorrerá hífen: mal-canadense.
mal-afamado
mal-humorado
mal-limpo

16- Se houver a necessidade de dividir a palavra ao final da linha o hífen deverá ser repetido nas duas linhas:

ex-
-alunos


17 - Não existe mais hífen depois do prefixo "não".


ALFABETO

Apesar de parecer estranho, o alfabeto da língua portuguesa não tinha as letras K, W e Y. Bom, agora tem.


REGRAS DE ACENTUAÇÃO


1- Trema

O sinal de trema foi abolido totalmente da língua portuguesa. Ele só permanecerá em palavras estrangeiras como Müller, por exemplo.

2- NÃO se usa mais acento em ditongos abertos éi/ói das palavras paroxítonas (acento tônico na penúltima sílaba).

EI
colmeia
geleia
estreia
epopeia
Coreia
alcateia
ideia
estoico

OI
boia
apoia
jiboia
joia
paranoia
tramoia

3- NÃO se usa mais acento no i e u tônicos quando vierem depois de um ditongo:

baiuca
feiura
bocaiuva

4- NÃO se usa mais acento nas palavras terminadas em êem/ôo(s):

EEM
creem
deem
leem
veem

OO
abençoo
doo
zoo
enjoo
voo
magoo

Os verbos:
TER/MANTER/DETER/RETER/CONTER/VIR/CONVIR/INTERVIR/ADVIR
mantêm o acento para diferenciar os verbos do singular e do plural.

5- NÃO se usa mais acento diferencial:

pára/ para
pólo/ polo
pêlos/ pelos
pêra/ pera

  • A palavra fôrma/forma ainda é mantida com acento em algumas circunstâncias. Seu uso nesse caso é facultativo.
  • As palavras pôde(passado)/pode(presente) mantêm acento, pois indicam tempos verbais distintos.
  • As palavras pôr (verbo)/ por(preposição) mantêm acento, pois indicam classes gramaticais distintas.
6- NÃO se usa mais acento agudo no u tônico das formas:

(tu) arguis
(ele) argui
(eles) arguem

dos verbos arguir e redarguir.